Início > Conteúdos > Lendo
A expansão marítima europeia

O MERCANTILISMO

Depois das crises do século XIV, a Europa conheceu no século XV um período de maior estabilidade, no qual se consolidaram os Estados Nacionais (ou Monarquias Nacionais). As atividades econômicas - comércio e manufatura, sobretudo - orientavam-se pelos princípios mercantilistas, apoiados pela burguesia mercantil e sob controle do Estado.

O mercantilismo envolveu um conjunto de práticas econômicas que surgiram nos Estados modernos europeus no século XV.

Suas principais características eram:

- metalismo: correspondia ao acúmulo de ouro e prata dentro dos países; a riqueza das nações era avaliada pela quantidade de metais amoedáveis;

- superávit comercial (balança comercial positiva): os países deveriam exportar mais e importar menos. Aumentando as vendas e diminuindo as importações, o país e seus comerciantes estariam acumulando riquezas (na forma de moeda corrente);

- protecionismo: necessário para assegurar o monopólio, era adotado por meio de medidas fiscais ou alfandegárias (aduaneiras) que dificultavam a entrada de produtos de outros países, encarecendo-os. Dessa maneira, o Estado desestimulava as importações e a saída de recursos financeiros.

- monopólio: direitos exclusivos dos reis sobre as economias nacionais. Os reis poderiam conceder monopólios de acordo com sua conveniência, e a burguesia nacional era, geralmente, a beneficiária;

- estímulo à economia nacional: as práticas do mercantilismo eram voltadas ao fortalecimento da economia interna. O mundo fora das fronteiras nacionais era visto apenas como um potencial mercado para a exportação;

- colonialismo: o mais importante meio para atingir os objetivos mercantilistas, uma vez que nas colônias as potências podiam instaurar, sem restrições, suas políticas econômicas.

#O fortalecimento da economia nacional tinha como finalidade o enriquecimento do Estado e dos comerciantes. A intervenção estatal na economia - marca evidente do mercantilismo - só se tornou possível graças à centralização de poder em um Estado forte e em uma burguesia que o sustentasse. Portanto, pode-se afirmar que o absolutismo forneceu a base política necessária para o mercantilismo.

 

O PIONEIRISMO PORTUGUÊS

Em 1453, Constantinopla foi conquistada pelos turcos-otomanos. Esse fato estrangulou o comércio no Mediterrâneo, controlado pelas cidades de Gênova e Veneza, na península Itálica. A procura por produtos do Oriente, porém, não diminuiu. Assim, as potências europeias começaram a buscar rotas marítimas alternativas.

A expansão marítimo-comercial - da qual a conquista da América foi um desdobramento - objetivava resolver o problema da escassez de metais na Europa e expandir os mercados.

Portugal tornou-se a primeira potência naval da época moderna, em razão, principalmente, da precoce centralização do Estado (Revolução de Avis no século XIV) e da aliança com a burguesia, disposta a investir na expansão para ampliar seus lucros. Por isso, o Estado português passou a estimular as atividades comerciais marítimas, o que também era do interesse da Igreja, que via na expansão marítima um caminho para difundir a fé católica.

Também contribuíram para a expansão marítima portuguesa algumas inovações tecnológicas, como o astrolábio, a bússola, o quadrante e a balestilha. Além disso, desenvolveram-se estudos de cartas náuticas e foi inventada a caravela.

Mesmo antes da queda do Império Bizantino, o Estado e a burguesia portuguesa se lançaram à exploração da África.

O início da expansão portuguesa deu-se em 1415, com a conquista da cidade de Ceuta, no norte da África, que era um importante centro comercial da época e ponto de convergência de caravanas de comerciantes árabes.

Com a chegada da expedição de Cristóvão Colombo à América (1492), estabeleceu-se uma crise diplomática entre Portugal e Espanha, consideradas as grandes potências do século XV. A referida crise relacionava-se a discordâncias em relação à divisão dos territórios entre os dois países. A questão foi solucionada em 1494, quando os Estados ibéricos assinaram o Tratado de Tordesilhas e definiram os limites das novas conquistas entre portugueses e espanhóis.

Em 1498, os portugueses conseguiram contornar a África - périplo africano. Ao longo da costa africana, estabeleceram feitorias (entrepostos comerciais onde eram armazenados os produtos explorados) e fortificações (para proteger esses entrepostos da investida de conquistadores de outras nações europeias).

Em 1498, os lusitanos chegaram à costa das Índias, na cidade de Calicute, com a expedição comandada por Vasco da Gama. Em 1500, outra gigantesca expedição, comandada por Pedro Álvares Cabral, chegou ao litoral da América, mais precisamente às terras localizadas no Atlântico sul (Em 22 de abril de 1500, chegou às terras hoje conhecidas como Brasil).

 

#SAIBA MAIS:

- Colombo chega à América: Ao contrário dos portugueses, o governo espanhol adotou o caminho proposto pelo genovês Cristóvão Colombo. Certo de que a Terra era redonda, Colombo dizia que, para chegar ao Oriente, bastava navegar para o Ocidente. Em 1492, ele partiu da Espanha com três caravelas e chegou à América em outubro daquele ano. Acreditando ter aportado nas Índias, chamou seus habitantes de índios. Foi só por volta de 1501 que o navegador Américo Vespúcio anunciou que essas terras constituíam um continente desconhecido dos europeus. Em sua homenagem, esse continente passou a se chamar América.

- Tratado de Tordesilhas: Após a chegada de Colombo à América, os reis da Espanha apressaram-se em garantir seus direitos de posse sobre a nova terra. Para isso, pediram a intervenção do papa Alexandre VI (também espanhol), autoridade respeitada entre os reinos católicos.

Assim, em 4 de maio de 1493, por meio de um documento chamado Bula Inter Coetera, o papa estabeleceu que as terras que viriam a ser chamadas de América seriam divididas entre os reis de Portugal e de Espanha. Um meridiano (linha imaginária) situado 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde seria a linha divisória dessas terras: tudo o que estivesse a oeste pertenceria à Espanha, e tudo o que estivesse a leste pertenceria a Portugal. Com base na Bula, os espanhóis teriam assegurada a posse das terras americanas descobertas ou ainda por descobrir, restaria a Portugal a posse das terras africanas.

Inconformado com a divisão estabelecida, o governo português forçou a negociação de um novo acordo direto com a Coroa espanhola, conhecido pelo nome de Tratado de Tordesilhas, por meio do qual se deslocava a linha imaginária para 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. Ratificado por ambas as partes, esse tratado novamente definia que as terras a oeste dessa linha pertenceriam à Coroa da Espanha, enquanto as terras a leste seriam dos reis de Portugal.

O "mundo descoberto" foi, assim, dividido entre portugueses e espanhóis. Obviamente, outros reis, como o da França e o da Inglaterra, não concordaram com essa divisão.

 

#SAIBA MAIS

- É comum encontrar a afirmação de que "pelo Tratado de Tordesilhas, Portugal e Espanha dividiram entre si o mundo". É preciso tomar cuidado com essa análise, porque ela não corresponde ao acontecido; o mais correto é afirmar que, assinando o documento de Tordesilhas, os dois reinos dividiram entre si as terras descobertas a partir do século XV, além de algumas possessões na África e na Ásia.

Tancredo Professor . 2024
Anuncie neste site
Twitter